21 junho 2016

Guerra e hermenêutica das valas comuns em Moçambique [10]

Número anterior aqui. Permaneço no terceiro ponto do sumário [recorde-o aqui], a saber: 3. Competição em torno dos corpos e das definições: valas comuns e corpos abandonados. Escrevi no número anterior que a definição de vala comum da Wikipédia foi, em certos quadrantes de consciência julgadora, rapidamente preterida em favor da definição tida como sendo da autoria da ONU. Quer a definição que surge na enciclopédia digital [aqui], quer a atribuída à ONU [aqui]*, têm em conta cadáveres enterrados, com a diferença de que a primeira refere "conjunto de cadáveres" e a segunda, "três ou mais vítimas". Ora, como não apareceu a vala comum com 120 corpos de Sofala, de imediato os cadáveres não enterrados, descobertos em Sofala e em Manica, foram, como que por metonímia, explícita ou implicitamente, havidos em certos círculos como pertencentes a valas comuns. Por outras palavas: era possível considerar valas sem valas e mandar às urtigas as definições formais. Finalizo este terceiro ponto mais tarde.
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*O que algumas pessoas consultaram foi o resumo de um livro que surge não como sendo da ONU em si mas como sendo do "United Nations Rapporteur" (=relator das Nações Unidas). Esse resumo mostra que não existe acordo sobre o que é vala comum. Já agora e sobre vala comum, sugiro leia este texto aqui.

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