22 março 2016

Doença e terapia

Como é o doente encarado do ponto de vista biomédico? Como uma entidade unívoca, individual, individualizável, como a única sede da doença, como um problema que, com algum tempo e paciência, pode ser resolvido nas fronteiras de uma enfermaria. De que sofre o doente A? Sofre de uma nevrose sem lesão orgânica. Quais os percursos da possível cura? Psicoterapia e farmacoterapia. Este, o universo de sentido único [socorro-me de uma expressão de Tobie Nathan].
Coloquemos agora o doente A na perspectiva da epistemologia popular. Qual é o problema? O problema é que um espírito incomodado o perturba. É o problema individual? Não, o problema não tem a ver com o doente em si, mas com uma família, pode mesmo ter a ver com uma comunidade. Estamos, então, num universo de universos múltiplos [socorro-me de novo de Tobie Nathan]. Fazendo uso de uma formulação de Norbert Elias, a pergunta não é: o que é que provoca o problema? Mas, antes, esta: quem é que provoca o problema? A etiologia muda, o fenómeno tem a ver com a intencionalidade das forças do invisível (invisíveis, sim, mas supostas vivas), o mestre chamado não é o psicólogo ou o psiquiatra, mas o gestor dessas forças. Surge, então , a espíritoterapia.

1 comentário:

ZE CARLOS disse...

Um tratamento holistico sera o recomendado, incluindo a psicoterapia e aconselhamento, farmacologia e tratamento tradicional, abrangendo as areas fisica, mental, emocional, comportamental e espiritual (nesta area para alem da inclusao dos metodos tradicionais, incluir outras terapias transcedentais); saudacoes, Zé Carlos