30 março 2014

Qualidade do ensino

Quando falamos de alunos ou sobre eles escrevemos, quando falamos de aproveitamento, de reprovações, de qualidade do ensino, etc., ou sobre isso escrevemos, invariavelmente partimos do princípio de que lidamos com entidades e com quantidades neutras. Por outras palavras, o ensino e todo o seu complexo processualismo são por nós colocados em gavetas tecnicamente tratadas, independentemente das relações sociais e das desigualdades nas quais alunos, ensino e resultados estão insertos. E, em seminários, em debates, em bula-bula informal, com os nossos pontos de vista e com as nossas análises, mais raramente com as nossas pesquisas, decidimos que as coisas estão más ou boas, que as coisas más podem ser resolvidas com determinadas soluções. A psicologização permanente e tecnificada de seres e situações, colocando na penumbra as relações sociais que produzem e reproduzem situações sociais assimétricas, são, quanto a mim, uma das razões, se não a principal razão, por que nós - os analistas, os estudiosos - reprovamos em nossas análises, por que não sabemos ler.

2 comentários:

Salvador Langa disse...

O Prof sabe muito bem que hoje poucos querem saber de "situações sociais assimétricas", na "pérola do Índico" tudo tem luz simétrica.

nachingweya disse...

Outro dia estava a ouvir o rescaldo das calamidades naturais, edição 2013/2014 na regiao centro do país e fiquei espantado com a quantidade de escolas destruidas. Foi daí que me deu para começar a observar edifícios antigos do Estado e quase que involuntariamente, por onde passei deparei com as construções dos CTT- Correios de Moçambique edificados no tempo colonial.
Há que concluir que a qualidade do que fazemos, autorizamos ou compramos revela a nossa Qualidade de Ensino.