24 agosto 2006

Da razão imperial às razões alternativas e populares [2]

Durante séculos, a razão imperial, artífice da cidade das ciências, desacreditou todos os múltiplos saberes exemplarmente afirmados e reclamados pelo antropólogo e curandeiro Narciso Mahumana (reler minha recente entrada).
Durante séculos, a razão imperial procurou desalojar de todos nós tudo o que era sentimento, sonho, arroubo, poema, horizonte.
Durante séculos, a razão imperial agiu como um fagócito, atacando e digerindo saberes tradicionais, cantonais, populares.
Um autêntico canibalismo epistemológico.
Esquecemo-nos nós, cientistas sociais, nós os sacerdotes da verdade imperial, nós em nossas togas de cardeais e nas nossas igrejas científicas, nós oficiantes dos templos dos congressos e dos seminários, esquecemo-nos de que se apenas existe uma fechadura social, várias são, porém, as chaves que a ela têm acesso, todas elas* legítimas, porque produto de construções sociais distintas.
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*Com excepção, claro, das chaves assassinas. Voltarei ao tema logo que possa. Escutem: desde o princípio que vos digo que este diário é construído como se numa oficina.

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